Tudo em pratos limpos

É difícil viver em um mundo onde metade das pessoas preferem o silêncio, e a outra metade dizem coisas que não sentem. É difícil porque eu não sei me esconder atrás dos meus próprios sentimentos, eu não aprendi a omitir a verdade só pra iludir, ou não machucar alguém. Eu sempre sou fiel com todos, mas primeiramente, sou fiel à mim. Eu já quebrei muito a cara acreditando em tudo o que me falavam. Já me iludi muito com frases feitas, com clichês baratos. Foi me perdendo em palavras vazias, que eu me encontrei. Foi apanhando muito da vida, que eu amadureci. Por isso tenho essa necessidade de falar, de por em pratos limpos o meu sentimento, de expor meus pensamentos. E maior que a minha necessidade de falar, é a minha necessidade de ouvir. Eu não aprendi a ficar sem respostas, eu não sei decifrar o silêncio. Ainda que certas palavras me doam, o silêncio me machuca ainda mais. Gosto de sinceridades, de olho no olho. Gosto de gente que não se esconde, mas também não mente. Não sei lidar com pessoas silenciosas. É tedioso conviver com alguém que não tem histórias a ser contadas. Odeio respostas em monossílabas. Ninguém nunca entendeu os meus excessos, minha mania de falar demais, minha curiosidade em saber o que todos pensam. Eu nunca aceitei uma mentira, mas também nunca consegui entender quem se esconde, quem tem medo de ser, quem tem medo de se mostrar. Eu sou feita de palavras, eu inspiro elas a todo momento, mas preciso expirar também. Mas infelizmente tem gente que só gosta de obter, nunca de doar.

Amanda Sanches