domingo, 22 de dezembro de 2013

Querido Papai Noel,

Quanto tempo, não? Já se passaram dois anos desde a última carta, quando eu praticamente implorei para você dar um fim em um certo cupido; e como de costume o senhor não atendeu o meu pedido. Pois bem, quero lhe informar que esse ano ele foi embora por livre e espontânea pressão. Um certo dia acordei e me dei conta que já não havia mais espaço para nós dois, taquei fogo nas coisas dele e o enxotei daqui. Desculpa, mas a convivência estava insuportável. 
Quero lhe informar também, que o cupido que o senhor mandou ano passado, também foi embora. Havia um atrito enorme entre o cupido de 2011, com o de 2012; o pobrezinho não aguentou as brigas e se mandou. A boa notícia é que ele arrumou toda e qualquer bagunça antes de partir, não deixando problemas pendentes. 

Finalmente Papy, minha vida amorosa entrou nos eixos, com os cupidos longe daqui, eu consigo ver com clareza quem é curva de rio e quem não é. Mas o que parecia ser a solução, se tornou um problema. Casa vazia, arrumada e tédio em dobro. Eu olho pra tudo quanto é direção, e nada me chama a atenção. Sou dois lados da mesma moeda: ao mesmo tempo que não quero me envolver com ninguém, meu coração pede por carinho. Até consigo me interessar por um carinha ou outro, suspirar encantada um dia ou dois, sonhar com vestido de noiva e casinha branca, mas todo esse encanto se desfaz em menos de um mês com a mesma velocidade que apareceu. Então tudo volta ao normal, e o ciclo se repete: primeiro esvaziar a casa, depois arrumar  o que sobrou, por fim o tédio chega pedindo um pouco de carinho. Tá chato Noel, tá chato se perder por aí tentando se encontrar. Tá chato perder o foco e não saber mais quem se é, e o que se quer. Minha essência é a tempestade, e essa monotonia tá me afogando. 
É que eu acredito no amor. Acredito! E para quem acredita no amor, ficar com o coração vazio assim, é uma das piores torturas. E eu tenho medo de me envolver com qualquer babaca por carência; eu tenho medo de achar que amo, só porque o amor é quase tão essencial quanto o ar; eu tenho medo de acabar machucando alguém, que eu só me envolvi pra anular um pouco a falta que um verdadeiro amor me faz; mas eu tenho ainda mais medo, de nunca amar. É que eu sou daquele tipinho chato, que acredita que o mundo gira em torno do amor, mesmo a vida me provando várias vezes que é totalmente ao contrário.
E esse ano eu fui uma menina boazinha, venci minha preguiça, falei menos palavrão, paguei todas as minhas contas em dia e, até ajudei uma velhinha atravessar a rua. Por isso quero te pedir um presente. Quero que o senhor por favor, nunca deixe que essa minha visão do amor mude, que a vida e a sua realidade jamais consiga me fechar, me bloquear, e me fazer correr de medo do amor, para qualquer lugar longe e seguro. Que apesar de todos os trancos, eu continue acreditando fielmente que o amor existe sim, e que não é burrice esperar. Que eu jamais me perca. Que eu jamais me fira. Que eu jamais fira os outros. De uma forma bem simples, tudo o que eu quero é um amor. E que esse amor venha para somar, com muita felicidade, paz e amor próprio!

Amanda Sanches

*Para quem não leu a carta de 2011, o link para o texto é esse: clique aqui

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