segunda-feira, 28 de julho de 2014

Sobre o meu jeito


Um dia eu conheci um cara e achei que o amava. Por ele eu fiz de tudo, me anulei, entendia sua falta de jeito com a gente, lhe entreguei tudo o que tinha de melhor, meu amor e minha esperança de um futuro feliz que eu guardava à 7 chaves. Até que um dia ele resolveu ir embora sem mais nem menos, disse que não dava mais e todas essas coisas que a gente diz quando quer ir embora. Chorei feito criança, meu orgulho escorreu pelo ralo e eu surtei na frente dele. Não acreditei, não aceitei, dei à ele inúmeras chances nos nossos vários reencontros. Tudo em vão! Foram mais de dois anos sofrendo de uma forma que eu nunca mereci. Eu era muito jovem, muito menina, ingênua acreditava no amor, nas palavras e nas pessoas. Em pouco mais de dois anos eu fui obrigada a crescer, tive que aprender a sorrir e demonstrar uma felicidade que eu não sentia, tudo isso porque ninguém suporta gente triste, ninguém entende a infelicidade do outro. Quando eu caí, ninguém me ajudou a levantar, minha mãe quando me encontrava chorando pelos cantos da casa ficava brava; minha irmã ficava triste por mim, mas não sabia o que fazer; meu pai sentia pena e fazia seu papel de pai que era odiar o cara que fez aquilo com a sua filha; minhas amigas não aguentavam mais o meu choro e a minha conversa cansada sobre o mesmo assunto. Tive que me virar sozinha, não contei com o apoio de ninguém. Com o tempo tudo passou e eu parei de chorar (ou pelo menos parei de chorar com tanta frequência). Deixei tudo para trás e segui o meu caminho. Das coisas que eu deixei a que mais me dói é ter me deixado para trás. Não sei em qual esquina eu me perdi, e me tornei quem sou hoje. Incrédula. Amarga. Falsa. Porque sim, eu sou falsa comigo e com os outros. Engano todo mundo com um sorriso que acaba em lágrimas no meu travesseiro sempre que me pergunto o que eu to fazendo dessa vida. Porque antes eu acreditava que meu fim de vida, seria eu velhinha, casada, realizada e feliz. E eu caminho todos os dias em direção alguma. Minha vida tem se resumindo a festas de noite, e ressaca moral de dia. As pessoas apontam o dedo na minha cara e me julgam sem nenhuma piedade, mas nem metade deles sabem pelo o que eu já passei, quantas noites eu não consegui dormir de tanto chorar, todos os dias que eu passei com dor de cabeça por não conseguir parar de reprisar na minha mente a cena do fim. Nenhum deles sabem que embaixo dessa armadura de mulher forte e decidida, se esconde uma menina assustada e confusa. Ninguém me conhece de verdade, e nem me dão oportunidade para isso. Acham que eu sou a menina divertida de batom vermelho sentada na mesa do bar, gostam da amiga que faz todo mundo rir falando besteira e contando mais uma das suas histórias vazias. É essa de que eles gostam, mas essa não sou eu. Será que eles gostariam de uma pessoa que chora mais do que ri, que carrega uma ferida aberta no peito e não sabe que direção tomar? Será que eles sabem que se eu finjo ser autossuficiente é porque eu não consigo me envolver com mais ninguém? Meu interesse sempre acaba no primeiro mês. E eu me deparo novamente, sozinha, triste e vazia. Ninguém sabe, mas tudo o que eu mais quero é encontrar alguém que me entenda e me ajude a passar uma borracha no passado. Alguém que acredite em mim e não no que os outros falam. Alguém que não me sufoque e nem me deixe solta demais. Alguém que eu ame, que me ame e me faça querer ficar todos os dias. Alguém que me conheça de verdade e me aceite assim como eu sou, cheia de cicatrizes. Mas simplesmente eu não consigo, e nem é por ter medo de me apaixonar não, pelo contrário, falta medo e sobra vontade de viver algo de verdade. Eu apenas não consigo. Tenho a impressão de que eu sequei por dentro e meu coração se concentra apenas em bombear sangue, sem tempo ou paciência para sentimentalismos. Todo mundo parece ser meio idiota, ninguém é interessante e eu tenho preguiça de todos. Pior do que ter medo do amor, é não conseguir se entender com ele.

Amanda Sanches 

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