Se cuida

Perdeu a graça, foi isso! No inicio foi bom, a gente tava se conhecendo e existia todo aquele encanto de alguém novo entrando na minha vida. Era bom ter alguém em quem pensar a semana inteira, ter um motivo para esperar o final de semana com um sorriso estampado no rosto. Mas depois perdeu a graça. A gente acabou entrando em uma rotina chata, os beijos não tinham mais sabor, eram mais por algum tipo de obrigação já que éramos namorados. Não era mais prazer, era comodismo. As brigas que antes eram tão raras, ficaram frequentes. Conversar tinha virado artigo de luxo para nós, o silêncio me incomodava e gritava alto em meus ouvidos que alguma coisa estava errada. Eu olhava pela janela do carro tentando encontrar um meio de fugir daquele relacionamento monótono, frio; queria saber onde havia parado aquele casal feliz e cheios de planos. Foi quando eu me perguntei o que a gente ainda estava fazendo juntos! Não era amor, não era atração, não era tesão, não era nada. Era comodismo, era aceitação, era preguiça de sair por aí a procura de um novo amor. Mas principalmente, era medo. Medo de tomar uma decisão precipitada e depois se arrepender, medo de se machucar, medo de machucar o outro. Estávamos à tanto tempo juntos no conformismo da nossa relação, que já não sabíamos mais ser solteiros; não sabíamos como seria finalmente ser livres de novo, tínhamos medo de nos libertar, de sair da gaiola e não saber mais voar sozinhos. Mas eu não podia ficar ao lado de um homem que não me olhava mais com os olhos cheios de magia, eu não podia manter um relacionamento onde os beijos eram uma obrigação e não uma necessidade. Ele não podia ficar ao lado de uma mulher que se distraia com qualquer coisa, que tinha a cabeça longe, que olhava o mundo com curiosidade, e que já não o olhava mais com tanto afeto como antes. É claro que o respeito continua e o carinho também. Um carinho de amigos, um carinho com a certeza de que ele é um cara legal e merece uma mulher que o ame de verdade.

Amanda Sanches