Quantas
vezes eu vou andar na direção errada, achando enfim ter encontrado a
direção certa, o caminho que vai me levar para fora de toda essa
confusão? Quantas vezes eu vou ter que errar, cair, quebrar a cara feio,
para quem sabe finalmente aprender a andar com leveza? Porque eu já não
aguento mais essa entrega em vão, essa espera cansada. Não suporto mais
me enganar e depois acordar com o gosto amargo
na boca e a sensação de falha mais uma vez. O meu dedo podre sempre
apontando pro cara mais errado, a minha expectativa sempre crescendo em
cima de um rolo, que no final acaba virando caso sério com outra; e eu
ficando cada vez mais cansada, mais perdida, mais sem chão. Quando eu
olho para trás, tudo o que vejo são tentativas de amor sujas: o cara que
eu gostava, mas que tinha um romance com outra; o cara que eu investi
tanto e que nunca chegou nem perto de merecer toda a minha atenção; o
cara que eu quis repousar, mas que no fundo só tava esperando uma chance
de me levar para cama. Eu nunca consigo perceber logo de cara qual a
intenção de cada um, quem quer ficar comigo por ficar, quem só quer uma
transa casual, ou quem só tá passando um tempo e descansando um pouco
até partir novamente. Sempre me pego fantasiando, pensando como seria
bom namorar com o fulano, como seria divertido ficar ao lado do ciclano,
ou como seriam lindos os meus filhos com o beltrano. Eu não sou uma
fanática por namoro, passo longe de ser, adoro minha liberdade, meu
direito de ir e vir sem ter que dar explicação ou aviso de onde e com
quem to indo. Mas é que eu sinto falta do romance. Por Deus, como sinto
falta de dormir com um sorriso bobo e acordar sorrindo pro mundo sem
motivo algum aparente. Eu só queria que no meio de toda essa loucura,
alguém ficasse. Queria que alguém entrasse nesse barco comigo e remasse,
mesmo sem saber para qual direção, sem medo da correnteza, sem medo das
tempestades. Que alguém ficasse para me conhecer além das aparências,
além da minhas roupas e do meu riso nervoso. Porque é isso, eu não passo
de uma farsa, não sou nada mais que uma louca com os pés cansados, que
insiste em andar rumo a (in)sanidade.
Amanda Sanches
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